Quem são e o que querem os políticos que irão governar a Amazônia Legal pelos próximos quatro anos

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Área que corresponde a 59% do território brasileiro, envolvendo oito estados e parte do Maranhão, a Amazônia Legal é fundamental – seja no aspecto ambiental, econômico e social do Brasil – e é também onde residem 24 milhões de pessoas e mais de 50% da população indígena brasileira.

No entanto, são muitos os desafios que a região enfrenta: as políticas de austeridade que afetam diretamente programas sociais e ambientais, a curva ascendente de desmatamento, o índice de desenvolvimento humano inferior, na média, ao resto do Brasil, o aumento de conflitos no campo, os grandes projetos previstos, o avanço da pecuária, da soja e da participação de empresas chinesas, a pressão constante pelo “desenvolvimento econômico” a qualquer custo, são alguns exemplos.

Portanto, é fundamental saber quem são, o que querem e o que prometem os políticos que encabeçam as intenções de voto para governador nestes nove estados. O levantamento feito pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) mostra um quadro bastante preocupante. Sobram dinastias familiares; políticos envolvidos em diversos casos de corrupção; promessas bastante vagas, quando existem; figuras vindas do agronegócio, sobretudo de partidos conservadores e que costumam colocar em prática projetos que vão contra populações tradicionais, povos indígenas, preservação ambiental e crescimento econômico responsável.

Abaixo, você confere um raio-X destes políticos com mais intenções de voto em cada estado da Amazônia Legal, de acordo com a última pesquisa de intenções de voto do IBOPE, de 02 de outubro. No primeiro ou no segundo turno, são estas as figuras que terão em mãos o futuro da região pelos próximos 4 anos, motivo suficiente para que seu passado e suas promessas sejam analisadas com uma lupa.

Acre

Gladson Cameli PP – 47%

Marcus Alexandre PT – 38%

Cameli é senador pelo “Progressistas”, o partido mais implicado na Lava Jato, espinha dorsal do chamado “Centrão” – bloco de parlamentares que topam qualquer coisa em troca de agrados mil – e lidera as intenções de voto no Acre aos 40 anos com um passivo ambiental de décadas na família.

Gladson é um dos sócios da Marmude Cameli, madeireira que briga na Justiça há cerca de 30 anos contra o pedido de indenização dos Ashaninka, população tradicional que vive na fronteira do estado com o Peru. Os indígenas foram vítimas da empresa nos anos 1980. Segundo pesquisa do Instituto Socioambiental (ISA), mais de um quarto da Terra Indígena Ashaninka, identificada em 1994 e homologada em 2000, sofreu com a atividade madeireira intensiva, afetando profundamente a vida dos indígenas, que consideram essa época a de maior penúria e fome de sua história.

Desde os anos 1990, os Ashaninka correm atrás dos seus direitos judicialmente contra a Marmude Cameli. A madeireira foi condenada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) a pagar multa de cerca de R$ 35 milhões como forma de indenização. No Supremo Tribunal Federal (STF), os Cameli tiveram o recurso negado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Cinco meses depois, o mesmo ministro voltou atrás. No novo posicionamento, Moraes alega prescrição do dano ambiental. Gladson também é sobrinho de Orleir Cameli, ex-governador do estado, morto em 2013. As relações espúrias com políticos da região amazônica para favorecer empresas da família também vão bem, obrigado. Assim que tomou posse como governador tampão no Amazonas, Amazonino Mendes (PDT), candidato à reeleição, liberou R$ 60 milhões para contratos com as empresas da família, velha amiga do político.

Nas “propostas” de Gladson sobressaem promessas genéricas de “desenvolvimentismo” – normalmente feito de qualquer maneira a um custo socioambiental altíssimo – e acenos para um autoritarismo na segurança típica de quem tem como vice um policial, o Major Rocha. Cameli promete “contratar mais 2 mil policiais”, “instalar 4 novos colégios militares”, “trazer de volta a polícia comunitária”, “instalar os batalhões nas fronteiras para garantir a segurança e combater o tráfico de drogas” e “o fim da perseguição para produtores e funcionários públicos”.

Ex-prefeito de Rio Branco de 2013 a 2018 e engenheiro, Marcus Alexandre Viana é candidato pela “Frente Popular do Acre”, coligação com impressionantes 14 partidos: PRB / PDT / PT / PODE / PROS / PC do B / PSB / PV / PSOL / PHS / PRTB / DC / PPL / PMB.

No fim de 2017, Marcus e a sua mulher Gicélia Viana foram conduzidos coercitivamente pela Polícia Federal em ação conjunta com a Procuradoria e a Controladoria-Geral da União que investiga desvios de cerca de R$ 700 milhões em recursos públicos no âmbito do Departamento de Estradas e Rodagens do Acre e do DNIT de Rondônia. Marcus Alexandre foi diretor-presidente do Departamento de Estradas do Acre.

O esquema investigado envolve servidores do Deracre e do DNIT/RO, além de empresários. Os valores eram pagos por serviços não executados e materiais que nunca seriam entregues. O grupo também se utilizava de funcionários fantasmas. São investigados os crimes de peculato, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Apesar de ex-prefeito e candidato a governador, Marcus Alexandre não possui site oficial. Em sua página no Facebook, o candidato tem se limitado a divulgar suas agendas de campanha e ressaltar as obras que fez como prefeito de Rio Branco, sem propostas concretas e um plano de governo fácil e acessível para ser destrinchado.

Amapá

Capiberibe PSB, 32%;

Waldez PDT, 27%

João Capiberibe, que lidera, é senador desde 2011 e concorre pela coligação de PSB e PT. Ex-prefeito de Macapá e ex-governador do Amapá de 1995 a 2002, Capiberibe tem 71 anos e é figura bastante conhecida na região, encabeçando uma das famílias que dominam a política do Amapá. Seu filho, Camilo, foi governador de 2011 a 2015.

João Capiberibe pai teve o mandato de senador cassado em 2002 pelo TSE por compra de votos. Já concorreu outras vezes ao governo, como em 2006, quando perdeu para Waldez Góes, do PDT, segundo colocado nas pesquisas e atual governador que tenta a reeleição. Uma grande ciranda de rostos conhecidos, portanto.

Entre as propostas de Capiberibe como senador consta uma que acrescenta artigo à Constituição Federal para prever a possibilidade de revogação dos mandatos de Presidente e Vice-Presidente da República mediante referendo; a criação do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Segurança Pública; a gestão compartilhada, destinada ao acompanhamento orçamentário, financeiro e físico da execução de obras por grupos de cidadãos organizados em aplicativos e a concessão de pensão especial, mensal, vitalícia e intransferível às vítimas de escalpelamento provocado por volantes, eixos ou partes moveis de motores de embarcação, tema importante na região.

Já Waldez Góes (PDT) tenta o quarto mandato como governador, tendo permanecido no cargo de 2003 a 2010.  Góes foi preso por 10 dias pela Polícia Federal durante a operação Mãos Limpas em 2010, acusado de formar organização criminosa que desviava recursos públicos da educação do estado do Amapá e da União estimados em R$ 300 milhões. As apurações da Polícia Federal revelaram indícios de um esquema de desvio de recursos da União que eram repassados à Secretaria de Educação do Estado do Amapá, provenientes do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) e do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef).  Posteriormente, Góes foi inocentado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Com José Sarney de aliado, o atual governador também precisou responder a dois processos por suposto uso indevido dos meios de comunicação antes e durante a campanha de 2014. Em fevereiro deste ano, a procuradora regional eleitoral do Estado, Nathália Pereira, encaminhou uma manifestação ao TRE solicitando prioridade no julgamento de Waldez Góes, considerando o longo tempo de trâmite dos processos.

Também sem site e sequer página no Facebook ou outra rede social, Góes se lançou à reeleição prometendo simplesmente “continuar o modelo de desenvolvimento baseado no pagamento em dia de salários e elaboração de políticas públicas”. Entra para o nosso pódio de platitudes eleitorais, para fazer inveja a muitos.

Amazonas

Amazonino Mendes PDT 30%

Wilson PSC 23%

Omar PSD 20%

Candidato mais velho entre os concorrentes em toda a região aos 78 anos, Amazonino Mendes é um autêntico político profissional. Foi prefeito de Manaus por três vezes – a primeira em 1983 e a última em 2013 – e governador do Amazonas também por três vezes, a primeira em 1987. Tenta a reeleição após assumir mandato tampão no ano passado em pleito suplementar.

Nestas décadas de vida pública, Mendes tem uma verdadeira coleção de denúncias, casos de corrupção e práticas, digamos, “pouco ortodoxas”. Durante a campanha ao governo do estado em 1986, por exemplo, chegou a distribuir 2.000 motosserras aos eleitores, depois boa parte revendidas a madeireiros. Já eleito, tentou extinguir a Polícia Civil, o que foge de suas atribuições. Mais recentemente, já nos anos 2000, Amazonino conseguiu ser candidato e se reeleger mesmo respondendo a crimes da lei de licitações, crimes contra o sistema financeiro nacional e crimes contra a ordem tributária, além da compra de votos.

Entre as suas promessas já feitas no atual mandato constam “criar uma força-tarefa para defender a Zona Franca”, ampliar a assistência técnica para produtores rurais, ampliar a rede de ensino integral, reduzir preços de medicamentos e reduzir a criminalidade com o uso de inteligência.

Em segundo nas pesquisas aparece o jornalista Wilson Lima, do Partido Social Cristão (PSC), em coligação com o PRTB e a Rede. Concorrendo ao primeiro cargo público, Lima tem adotado o conhecido discurso de renovação e de “preservar” os “valores” que o seu partido encarna, como a família e o cristianismo. Lima também usa a experiência como jornalista para dizer que “conhece” os problemas da população.

O Amazonas registra até 10 feminicídios a cada 100 mil mulheres que moram no Estado. Houve um aumento de 44% nos casos de estupro de mulheres nos últimos dois anos. Não há, até então, nenhuma menção à segurança das mulheres em seu plano de governo. Ainda assim, em entrevista ao G1, Wilson disse que irá criar a Casa da Mulher em Manaus e em todo o estado. Também prometeu ampliar número de delegacias especializadas para atender mulheres em cidades do interior, mas somente após ser questionado da falta de projetos no plano de governo.

Lima disse que pretende fazer análises e estudos para diagnosticar potencialidades e fragilidades do Amazonas. Segundo ele, os levantamentos poderão permitir ações mais eficientes do poder público. Outra promessa do candidato foi criar estrutura para fomentar produção rural no interior do Amazonas com maior oferta de energia elétrica por meio do Programa Luz Para Todos e investimentos em energia solar.

Em terceiro aparece o senador Omar Aziz (PSD), que responde no STF a processos por compra de votos, superfaturamento de obras, emprego irregular de verbas públicas e propina, em inquérito que o MPF solicita o desarquivamento.

Maranhão

Flavio Dino PCdoB 49%

Roseana Sarney MDB 32%

Atual governador, Flávio Dino tenta reeleição pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) que, no entanto, representa uma chapa que ilustra como poucas as coligações partidárias no Brasil: estão juntos PT, DEM, PP, Solidariedade, PDT, PPL, PR, Avante e outros. Seu vice é o empresário Carlos Brandão do Partido Republicano Brasileiro (PRB), que cumpriu dois mandatos como deputado federal pelo PSDB. A coligação de Dino é bastante simbólica em retratar como, no Brasil, o pragmatismo reina absoluto muito acima de qualquer visão sobre “ideologias”.

Para se reeleger, Dino apresentou um programa de 65 metas que foca, sobretudo, em educação, um dos destaques do seu governo. Dino promete, por exemplo, chegar a 100 Institutos Estaduais de Educação, Ciência e Tecnologia (IEMA). Ampliação de vagas nos hospitais regionais, melhoria dos indicadores de desenvolvimento humano através de programas sociais e do projeto Mais IDH também fazem parte do escopo. De acordo com levantamento do G1, Dino foi o governador que mais cumpriu promessas entre todos os eleitos no mandato 2014-2018.

Na área ambiental e de agronegócio, Dino prometeu e criou a Secretaria de Agricultura Familar (SAF) em janeiro de 2015. Paralelamente a isso, o governo reestruturou o sistema administrativo de apoio e assistência técnica à agricultura familiar, empossando o novo presidente do Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (Iterma), Mauro Jorge. O Iterma é responsável pela política fundiária e desenvolve ações de arrecadação e titulação de terras públicas, atuando na solução de conflitos fundiários e na criação e acompanhamento de projetos de assentamento. Segundo o governo, as ações beneficiam mais de 2 milhões de agricultores do estado. 7.925 Sistemas Integrados de Tecnologias Sociais – SISTEC’s foram criados, além da distribuição de 245 kits de irrigação; de 1.267 cisternas de caráter produtivo e de 270 kits a feirantes, para impulsionar a comercialização dos produtos locais. O Programa Maranhense de Biocombustíveis, no entanto, segue no papel.

Em seu programa de governo para os próximos 4 anos, que lista o que fez até aqui e coloca novas metas, Dino promete ampliar o saneamento básico para até 70% da população (está em 4% atualmente) e atrair investimento para o desenvolvimento de energia limpa (hoje são 1.661,8 MW de capacidade instalada em energias renováveis como eólica, hidráulica e biomassa).

Para o meio ambiente, uma de suas metas é “ampliar as ações de proteção ao Meio Ambiente, expandindo o Programa Maranhão Verde para outras regiões do estado, visando à manutenção das Unidades de Conservação Ambiental que garantem a recuperação das matas ciliares, das margens dos rios, das nascentes, das áreas degradadas, compatibilizando a proteção dos ecossistemas naturais com o padrão de desenvolvimento sustentável”.

Dino tem grande chance de vencer no primeiro turno e enfrenta a concorrência de Roseana Sarney, que já governou o Maranhão de 1995 a 2002 e de 2009 a 2014. Roseana, filha de José Sarney, acumula um emaranhado de casos famosos de corrupção, denúncias e acusações de fraude, sendo a mais recente uma denúncia do Ministério Público no fim de 2016 por causar prejuízo de mais de 410 milhões de reais aos cofres públicos do estado em um esquema fraudulento de concessão de isenções fiscais a empresas.

Mato Grosso

Mauro Mendes DEM 39%

Pedro Taques PSDB 20%

Wellington Fagundes PR 20%

Ex-prefeito de Cuiabá e empresário, é a segunda vez que Mauro Mendes (DEM), que lidera as pesquisas, concorre ao governo do Mato Grosso. Em 2010, perdeu para Silval Barbosa. Seu vice é o ex-deputado e produtor rural Otaviano Pivetta (PDT), também ex-prefeito de Lucas do Rio Verde, um dos corações da produção da soja no estado, que é campeão nacional na commodity.

É o que podemos chamar de chapa puro sangue do agronegócio e do empresariado, já que Mauro Mendes foi também presidente da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt) e do Sistema Sesi/Senai. O Grupo Bipar, de Mendes, formado pelas sociedades Bipar Energia S.A, Bipar Investimentos e Participações S.A, Mavi Engenharia e Construções Ltda e Bimetal Indústria Metalúrgica Ltda, entrou com pedido de recuperação judicial em 2015 a ser concluída em 10 anos para o pagamento de uma dívida de R$ 126 milhões. Milhares de funcionários ficaram sem receber.

Nas suas propostas, Mendes promete “tolerância zero” com a violência e “criar ou melhorar o programa de incentivos fiscais, diferenciando e direcionando para as regiões e cidades de economia estagnadas”. Ou seja, ampliar os subsídios milionários que o agronegócio recebe. Nenhuma palavra sobre meio ambiente, preservação, produção sustentável ou agricultura familiar.

Mendes, com larga vantagem, é seguido por Pedro Taques, atual governador do PSDB, que tenta a reeleição e é acusado por seu ex-secretário estadual de Educação Permínio Pinto, também tucano, de participar de esquema de fraude em contratos para beneficiar empreiteiras em troca de propina para quitar dívidas da campanha eleitoral de 2014.

Em empate técnico com Taques está o senador Wellington Fagundes (PR), que acumulou seis mandatos consecutivos como deputado federal pelo MT de 1991 a 2015. Fagundes é réu no STF pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O parlamentar é acusado de participar de esquema de corrupção que envolvia a compra de ambulâncias superfaturadas para diversos municípios de Mato Grosso. Os crimes teriam ocorrido entre 2001 e 2006, quando atuava como deputado. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Fagundes destinou emendas parlamentares para que municípios do estado pudessem comprar, com valores superfaturados, ambulâncias da empresa Planan. Em troca, teria recebido propina.

Pará

Helder Barbalho MDB 47%

Paula PT 15%

Márcio DEM 13%

O cenário indica reeleição de Helder Barbalho (MDB) no primeiro turno. Ex-ministro de Dilma e Temer, Helder, 39 anos, é filho e herdeiro político de Jader Barbalho, indiciado pela polícia federal por crimes de corrupção na SUDAM e réu em pelo menos outros seis processos no STF por crimes de formação de quadrilha crimes e lavagem de dinheiro.

Seguindo a tradição do pai, Helder é acusado de receber R$ 1,5 milhão da Odebrecht durante a campanha ao governo de 2014 em troca de favorecer para a empresa em licitações no estado. Helder nega. O despacho do ministro Edson Fachin mostra que esses favores aconteceriam “notadamente em área de saneamento básico, espaço em que a empresa almejava atuar como concessionária”. Durante a campanha de 2018, Helder tem prometido “ampliar a rede de saneamento e tratamento de esgoto no estado, com a reestruturação da Cosanpa”.

Em seu plano de governo para o campo nos próximos 4 anos, Helder Barbalho promete:

– Fortalecer a agricultura familiar e o agronegócio, gerando renda no campo nas cidades por meio de garantia de assistência técnica, crédito e infraestrutura;

– Sustentar a Segurança Jurídica da propriedade rural, por meio do fortalecimento do programa de regularização fundiária;

– Garantir o respeito às leis de proteção, simplificando e agilizando o Licenciamento Ambiental, com a descentralização da SEMAS;

– Fortalecer a EMATER, garantindo assistência técnica e extensão rural pública, gratuita e de qualidade para produtores rurais que mais necessitam desse tipo de serviço;

– Firmar postura política em defesa dos interesses do Pará perante ações federais e externas,  afim de resgatar a governabilidade do estado sobre o seu próprio território;

– Realizar e promover o ordenamento territorial e a regularização fundiária pacífica, com participação da classe produtiva, dos movimentos sociais e em articulação com o governo federal e os municípios, para garantir o direito de propriedade e sua função social.

Chama atenção os eixos “segurança jurídica da propriedade rural”, bastante inclinada a favor dos grandes produtores e grileiros com claro potencial de inflamar conflitos, a “simplificação e agilização” do licenciamento ambiental, algo desastroso para um estado que concentra algumas das principais grandes obras na Amazônia. Com o histórico de Helder, a indicação é de agravamento das violações socioambientais que se acumulam em território paraense.

Rondônia

Expedito PSDB 32%

Acir PDT 14%

Maurão MDB 12%

Expedito Júnior é ex-senador e ex-deputado federal por três mandatos no estado. Quando senador, Expedito teve seu mandato cassado pelo STF em 2009 por compra de votos e abuso do poder econômico, dando lugar ao segundo colocado no pleito e que hoje também ocupa o segundo posto entre as intenções de voto para governador, Acir Gurgacz.

Gurgacz, por sua vez, teve o registro da candidatura indeferido pela Justiça Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa. Ainda tenta recorrer, sem sucesso. A Primeira Turma do Supremo determinou o imediato cumprimento da pena imposta ao político, condenado a 4 anos e 6 meses de prisão no regime semiaberto por crimes contra o sistema financeiro.

Entre os seus “compromissos” de campanha, Expedito lista as seguintes ações selecionadas para agricultura, meio ambiente, recursos naturais e regularização fundiária, sem, no entanto, dizer exatamente como irá concretizar cada ponto, bastante amplo.

– Fortalecer as micro e pequenas empresas e a agricultura familiar do estado

– Elevar a produtividade de soja e café robusta

– Reduzir a alíquota de ICMS para a construção de silos

– Aumentar o acesso dos produtores rurais do estado ao projeto BNDES/ABC (agricultura de baixo carbono)

– Incentivar a instalação de agroindústrias

– Criar o programa de recuperação de áreas degradadas

– Incluir os produtores rurais no programa de recuperação de créditos de carbono

– Fortalecer políticas de meio ambiente

– Aumentar a preservação dos recursos naturais do estado

– Ampliar pesquisas de recursos minerais, mapeando por escala de importância econômica

– Atrair grupos para investimento em pesquisa, reduzindo ICMS para bens

– Oferecer ferramentas de regularização fundiária e ambiental nas propriedades do estado

– Fazer o levantamento de registro de imóveis e conflitos de propriedade

– Propiciar acordos relativos à regularização fundiária e ambiental

Expedito, como se vê, é tão ambicioso quanto genérico. Entre apoio a grandes produtores e agricultura familiar, desonerações fiscais e generalidades como “fortalecer isso”, “fomentar aquilo”, sobram platitudes. Recentemente, deputados da Assembleia Legislativa de Rondônia fizeram desaparecer, em menos de uma hora de discussão, mais de meio milhão de hectares de áreas protegidas. De uma só vez os parlamentares riscaram do mapa onze unidades de conservação no estado.

A extinção das UCs foi exigência dos deputados para aprovarem uma série de complementações orçamentárias de que o governo precisava para honrar pagamentos, mas “o combinado era extinguir apenas uma unidade de conservação”. O terceiro colocado nas pesquisas, deputado Maurão de Carvalho (MDB) disse que em Rondônia “não cabe mais reserva. Tem reserva demais”. No entendimento dele, os produtores rurais não podem ser controlados pela estrutura do estado: “Precisamos deixar o produtor rural trabalhar com liberdade, sem perseguição do Ibama, sem perseguição de alguns policiais da Polícia Ambiental”, disse.

Surpreendendo na reta final, assim como vários candidatos a deputado federal e senadores eleitos pelo PSL na esteira de Jair Bolsonaro, venceu o Coronel Marcos Rocha, que sequer aparecia bem cotado nas pesquisas. O novo governador é militar de carreira, ex-secretário de educação de Porto Velho e ex-secretário de justiça do estado. Rocha também é a favor da extinção das UC’s e contra a criação de novas.

A prática mostra que os tempos tendem a não ser nada generosos com a preservação ambiental e os recursos naturais do estado.

Roraima

Anchieta PSDB 41%

Antonio Denarium PSL 29%

Reduto político de Romero Jucá (MDB), que patina em terceiro nas pesquisas para se reeleger como senador e centro do debate levantado pela migração em massa de venezuelanos, Roraima tem José de Anchieta (PSDB) na liderança das intenções de voto.

Anchieta foi eleito em 2006 como vice-governador na chapa de Ottomar Pinto. Em 2007 assumiu o governo após o falecimento de Ottomar. Foi reeleito em 2010 e deixou o cargo em 2014 para concorrer a uma vaga no Senado, mas não foi eleito. Em entrevistas, Anchieta tem declarado que é a favor de fechar provisoriamente a fronteira para a entrada de venezuelanos, a favor do linhão de Tucuruí e da construção de uma grande usina hidrelétrica no estado – não “necessariamente” a Bem Querer – pela redução de secretarias e construção de um novo presídio. Com o site fora do ar, Anchieta tem se vendido como “o único capaz de fazer as mudanças que Roraima precisa”, mesmo que assuma o seu terceiro mandato em caso de vencer a eleição.

O segundo colocado nas pesquisas é Antonio Denarium, do PSL, partido de Bolsonaro. Denarium chegou a Roraima em 1991 para dirigir o banco Bamerindus. Em seguida, passou a empreender no setor financeiro e agropecuário. Hoje suas atividades estão focadas no plantio de soja, milho, na pecuária e no setor imobiliário. É também diretor -presidente do Frigo 10 e diretor da Coopercarne Cooperativa dos Produtores de Carne de Roraima.

Entre as suas propostas, bastante genéricas, como é praxe, Denarium quer “combater a corrupção, alavancar a agricultura familiar, indígena e empresarial e aumentar a geração de empregos”.

Tocantins

Mauro Carlesse PHS 50%

Carlos Amastha PSB 28%

Atual governador eleito em mandato tampão em junho após a cassação de Marcelo Miranda (MDB), as pesquisas indicam vitória de Mauro Carlesse no primeiro turno. Ex-deputado estadual, Carlesse nasceu em Terra Boa (PR) e no Tocantins atuou como empresário e agropecuarista, repetindo o êxodo muito comum de sulistas que buscam no Matopiba terra barata para a produção de soja. Antes do PHS, passou também por PV e PTB.

O carro chefe do discurso de Carlesse é a “economia” nos gastos com servidores, “equilíbrio fiscal” e “contas públicas em dia”. Sem site ou qualquer plano estruturado de governo, Carlesse tem se limitado a celebrar sua agenda de campanha e o “apoio” que recebe em diversas partes do estado. Carlesse também recebeu R$ 700 mil de doações de empresas flagradas com trabalho escravo, o campeão nacional do ranking de políticos envolvidos com escravagistas.

O segundo colocado nas pesquisas é o empresário colombiano naturalizado brasileiro Carlos Amastha, ex-prefeito de Palmas, que atua no setor de educação a distância e shopping centers. Nas eleições suplementares de junho, no entanto, Amastha ficou em terceiro lugar.

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Jornalista investigativo especializado em mineração, Amazônia, Cerrado, conflitos socioambientais, povos indígenas, crise climática e direitos humanos. Fundador do Observatório da Mineração. Vencedor do Prêmio de Excelência Jornalística da Sociedade Interamericana de Imprensa (2019) e finalista do V Prêmio Petrobras de Jornalismo (2018).